20 agosto 2007

XIV Concentração Mototurística de Góis (17-18-19 Agosto 2007)

Três dias antes. Pura adrenalina, comprimida pela distância (relativa) da partida; os primeiros preparativos organizativos, a moto impecavelmente revista, com uma bomba de travão para rodar, vinda directamente da Alemanha… ai como eu gostaria de a ter ido buscar pessoalmente… de moto, claro!

Na véspera, com as malas montadas, atulhadas com o suficiente para sobreviver selvaticamente dois dias, estava em pulgas. A partida para Góis estava ultimada. A minha primeira concentração – como inscrito, já que moro a escassos 100 metros de uma das maiores concentrações internacionais… a de Faro.

Fui sozinho, pois a Sandra não estava nas melhores condições para fazer o percurso e o pessoal tinha ido na véspera… foi a minha primeira viagem de (muuuuuito relativo) longo curso a solo.

Saída de Faro; sexta-feira; pouco depois das17 horas.

A viagem é uma emoção assumida instintivamente. Os cheiros, odores, leves indicações de sensações, díspares e gratificantes; mudanças de temperatura, temperamento de mudança, bruscas ou menos evidentes; mudanças de caixa, pausas; os medos, receios de quem vive cada quilómetro de asfalto como se fosse o primeiro, ou o último; andar de moto não é chegar ao destino. Andar de moto é viver o percurso. É ser o percurso. Estas são as premissas de quem, orgulhosamente, assume os seus genes de cavaleiro dos tempos modernos, as reminiscências do velho código de honra e camaradagem. Tudo o que está para além disto não nos define, mas tudo isto compele-nos a continuar.

Na saída da auto-estrada, já no troço de Santarém, uma fila de trânsito de vários quilómetros. Encontrei aí os primeiros motociclistas, também com rota traçada para Góis. Seguimos em grupo, uma seis motos, furando o trânsito e, embora a pouca velocidade, transpusemos os quilómetros de fila sem parar. Um acidente com dois carros, com pouco aparato, estava na origem do trânsito condicionado. Umas dezenas de quilómetros depois, decidi acelerar e continuei a viagem sozinho.

Pouco antes das 22 horas: Coimbra. Como a fome já apertava, parei em Santa Clara para comer. Restabelecido com o sushi e tempura de vegetais e de camarão, lá fui para o destino final. Saí de Coimbra pelo IP3 em vez da Estrada da Beira, que já conhecia. Arrependi-me. Foi um pouco preocupante, já que procurava uma bomba de combustível para abastecer e a tarefa não estava fácil.

Cheguei! Góis! Inscrição feita, amigos localizados, tenda montada e pronto para um fim-de-semana onde as motos seriam o tema central, ladeado pela amizade e pelo “dolce fare niente”. Ingredientes bastantes para assegurar que, para além da estrada, também a estada seria apreciada. E foi! Continuando…

Os concertos, a “movida”, enfim, a impecável organização do Góis Moto Clube fazia-se sentir. Ou quase. Dois apontamentos negativos, que quero, desde já, tirar do caminho, para prosseguir com o que verdadeiramente importa: calaram o concerto dos UHF (!) apesar dos pedidos insistentes do público e da vontade do grupo em corresponder; também não conseguiram evitar os muitos rateres feitos dentro do recinto, manifestações de selvajaria em estado puro e bruto (e aqui a palavra “bruto” define mais estes seres que “puro”), uma incrível falta de respeito por parte de pessoas que ficam a dever tanto à inteligência, como ao espírito motociclista. É pena que subsistam estas práticas.

O Sábado reservou um revigorante passeio pelas curvas e contracurvas que ligam Góis à Fraga da Pena e, finalmente, à vila de Avô, uma das mais antigas de Portugal. As paragens sucediam-se a cada vontade de respirar o ambiente bucólico das margens do Alva, que nos acompanhou pelo percurso, assim como as conversas, umas vezes sobre motos, outras sobre motos...

A hora de almoço já ia alta, sem restaurante aberto. Foi no meio da serra, perto de nada, que abriram um restaurante para alimentar sete cavaleiros, sedentos de água fresca e qualquer coisa que se assemelhasse a comida. Àquela hora, tudo nos pareceria bem… ou quase. Fomos empanturrados com presunto, enchidos, queijos, uns sempre apreciados bitoques e mais sobremesas, cafés. No fim, uma conta de fazer inveja. Hospitalidade é a melhor palavra para definir o que de melhor nos serviram.

Avô. Uma vila de encanto. O xisto e o granito caracterizam-na, mas é o Alva, assim como a mancha verde e o casario que a notabilizam. Mais uma paragem, mesmo ao lado do secular pelourinho (do período Manuelino). As casas medievais, as ruínas, a praia fluvial, tudo nos remeteu para tempos em que o tempo parava e corria simples…

Voltamos a Góis para sorver calmamente a última noite… mais uns anormais a dar rateres, olhando em volta, certamente para ver quem é que estava a prestar atenção. Nem imaginam que quem olha está a divertir-se mais com a parvoíce da pessoa, do que com o ruído saído pelo escape. Enfim…

Um pouco antes, quando entramos em Góis, um aparato policial mandava parar exclusivamente motos. Fomos obrigados a encostar pois a nossa moto da frente foi fiscalizada. Já tínhamos passado por eles (na ida) e comentado, na paragem seguinte, a vergonha que era, já que obrigavam as motos a sair da estrada – todas –, por lama, para passar pelas “autoridades” e continuar viagem… a não ser as que eram paradas.

Já no recinto, a fila para o jantar, interminável, garantia tempo para mais umas discussões sobre motos, sobre as curvas feitas e aquelas que hão-de vir. Comeu-se… a fome é sempre um bom tempero.

Mais concertos.

Na tenda, felizmente que os recém descobertos tampões para minimizar o ruído do capacete fazem maravilhas, abafando também os roncos e barulhos das tendas circundantes (e o meu, que pouco ou nada me incomoda).

O dia de regresso raiava e o sol já ia alto quando almoçamos com pouca convicção e já algum desalento. Fizemo-nos à estrada e os 500 quilómetros seguintes foram a porta passageira para regressar ao quotidiano, onde tudo gira à volta de outra coisa qualquer… mas sempre a pensar na próxima viagem.

Só um apontamento final. O regresso ao Algarve fez-me ganhar grande respeito (sim, mais ainda) pela minha montada. Ainda no Alentejo, já com a reserva, fez umas dezenas de quilómetros até à bomba da Via Infante – Loulé. Quando atestei, vi que tinha uns litros que dariam até Faro.

km totais: 1.097
Consumo médio: 5,51L

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13 agosto 2007

Passeio às Minas de S. Domingos – Mértola (11 - 12 Agosto 2007)





Mais um ano, mas um passeio às Minas. Em pleno Agosto, o calor não se fez sentir como em anos anteriores. As águas da tapada servira, todavia, para refrescar e limpar o pó da viagem.

Como sempre, um passeio retemperador.
km totais: 353
Consumo médio: 5,02

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